Fonte: Agência Patrícia Galvão, 13 de dezembro de 2012.
Pesquisa feita pelo Data Popular em parceria com o SOS Corpo – Instituto Feminista pela Democracia comprova que a maior participação das mulheres no trabalho remunerado não foi acompanhada de mudanças na divisão sexual do trabalho doméstico, nem na oferta de políticas públicas.
Foram entrevistadas 800 mulheres de nove capitais brasileiras, além de Brasília, com idade entre 18 e 64 anos e que possuíam algum tipo de trabalho remunerado. A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de junho de 2012 e 7 de julho de 2012.
O estudo aponta uma percepção majoritária entre as entrevistadas (91%) quanto à importância do trabalho remunerado. As mulheres consideram que o trabalho remunerado é fundamental em suas vidas, mesmo admitindo que sua rotina de trabalho é extenuante por serem elas também as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e pelo cuidado com os filhos.
Ao falarem de seu dia a
dia, as entrevistadas enfatizam a multiplicidade de tarefas, funções
e responsabilidades que têm que enfrentar cotidianamente. Fica clara
a longa e cansativa rotina de uma mulher que, além do trabalho
remunerado, também cuida da casa, é esposa e mãe.
“As alterações
ocorridas no mundo do trabalho, como demonstra a pesquisa, não
levaram a mudanças significativas na divisão sexual do trabalho. O
que se observa é que essa divisão do trabalho permanece, produzindo
consequências que afetam diretamente as mulheres, que continuam como
as principais responsáveis pelos afazeres domésticos e cuidados com
os filhos. Falta de tempo e grande sobrecarga marcam seu cotidiano.
Os homens e o Estado, segundo os resultados da pesquisa aqui
apresentada, pouco contribuem para a mediação das jornadas”,
avaliam a pesquisadora, Maria Betânia Ávila do SOS Corpo.
Em cada dez
entrevistadas, sete consideram que o trabalho do homem não é mais
importante que o da mulher. E 63% concordam com a afirmação de que
“as mulheres sempre ganham menos do que os homens”.
Para as entrevistadas,
os maridos dão mais trabalho do que ajudam. E para as mulheres
casadas das classes C e D, isso é mais evidente: 64% e 61%,
respectivamente. A maioria expressiva das entrevistadas das classes D
e E (78%) declaram não possuir máquina de lavar roupa; nas classes
C são 47% e na classe AB, apenas 17%.
As entrevistadas
apontam a existência de uma tensão entre ter um trabalho
remunerado, que dá autonomia, e ter que se afastar das
responsabilidades com o trabalho doméstico e o cuidado com os
filhos. Sobre a concordância com a frase: “Se eu pudesse, eu
pararia de trabalhar para cuidar da casa”, observa-se que, quanto
menor a renda, maior a vontade de parar de trabalhar: 59% expressam
esse desejo na classe D; 37% na classe C; e 32% na classe AB.
Entre as entrevistadas,
sete em cada dez mulheres sentem que falta tempo no dia a dia,
especialmente para cuidar de si. E três em cada quatro consideram
sua rotina extremamente cansativa. Nos finais de semana 73% das
mulheres realizam tarefas domésticas nas suas próprias casas.
Creche e transporte
lideram entre as principais demandas das mulheres para o poder
público. A pesquisa revela que encontrar vaga em creche é a
principal dificuldade para as mulheres que têm trabalho remunerado.
A demanda por creche não varia de acordo com a classe social (classe
AB 36%; classe C 33%; e classe DE 34%).
Para a promoção da
autonomia econômica e a liberação de tempo no cotidiano das
mulheres, é preciso que as políticas públicas considerem a
desigualdade de gênero. As entrevistadas apontam que uma maior
cobertura das creches públicas, com horário de funcionamento
integral, e transporte público de melhor qualidade iriam ajudar
muito no dia a dia.
Acesse aqui a apresentação da pesquisa
Veja pesquisa na íntegra
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