quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Jovens e trabalhadoras domésticas avaliam impacto da crise internacional

Fonte: Unifem (http://www.unifem.org.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=95196)22/10/2009 - 08:57

Material foi produzido para registrar os testemunhos dos grupos mais expostos à pobreza para um relatório do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a crise financeira. Vídeo reúne depoimentos da juventude brasileira e trabalhadoras domésticas do Brasil, Bolívia, Guatemala e Paraguai

Brasília (Brasil) - Incerteza de continuidade no trabalho, redução de salário, estresse e especulações de mercado e da mídia. Essas são algumas das impressões de jovens e trabalhadoras domésticas do Brasil, Bolívia, Guatemala e Paraguai sobre a crise financeira internacional. Produzido por jovens da periferia de Brasília como apoio do UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e do INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos), o videodocumentário “Crise financeira – O que pensam a juventude brasileira e as trabalhadoras domésticas da América Latina?” revela o impacto da crise financeira nas relações de trabalho doméstico e na vida diária de mulheres e jovens.

As entrevistas foram gravadas, em agosto, durante oficina de formação de jovens voluntários do INESC e seminário de mobilização das trabalhadoras domésticas para a 99ª Conferência Internacional do Trabalho. O material foi produzido para registrar os testemunhos dos grupos mais expostos à pobreza para um relatório do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a crise financeira.

“Essa iniciativa proporcionou a aproximação entre jovens e trabalhadoras domésticas num processo produtivo em que foram realmente protagonistas. Houve pleno envolvimento no roteiro, produção, entrevistas, captação e edição de imagens. Além disso, a troca de vivências e visões sobre um tema de macroeconomia traduzido para o dia a dia traz muitos ensinamentos para todos”, afirma Maria Inês Barbosa, coordenadora do Programa de Gênero, Raça e Etnia do UNIFEM Brasil e Cone Sul.

Aline Maria (repórter) entrevista a trabalhadora doméstica boliviana Amélia Ticona. Registro é feito por Crisvano Queiroz


Testemunhos sobre tema global

Onze trabalhadoras domésticas – entre elas quatro estrangeiras -, e sete jovens de Brasília apontam suas impressões sobre economia, desenvolvimento social, raça, gênero e juventude. “Uns tiveram mais que os outros, gastaram mais que os outros. E assim usurparam dinheiro dos bancos. Com isso deflagrou uma crise”, diz Maria Isabel Costa, trabalhadora doméstica brasileira. Para a trabalhadora doméstica boliviana Amélia Ticona, “a crise global econômica afeta aqueles que contaminam o planeta”.

De acordo com as trabalhadoras domésticas, o debate sobre crise deve ser mais profundo e envolver a forma como são geradas oportunidades e relações no mercado de trabalho. “Para a trabalhadora doméstica a crise já vem aí de uns oito anos pra trás. As trabalhadoras das firmas, as trabalhadoras de lojas vêm para o trabalho doméstico. A trabalhadora doméstica em si começou a perder o trabalho. Por quê? Porque a outra sabe ler, sabe escrever, né?”, aponta Jussara Oliveira.

Facetas da crisePara a juventude, a crise financeira também apresenta efeitos como empregabilidade e vida social. “A crise chegou devagarinho. Pegou a gente de surpresa. E acho que afetou mais as pessoas pobres. Falta de emprego, essas coisas assim. Ninguém está livre dela, né? Antigamente, a gente tinha mais dinheiro para ir nos lugares. Hoje em dia falta muito dinheiro para sair”, considera Tamara Ribeiro.

A cobertura da imprensa também é outro ponto abordado no vídeo. “Como eu vejo a crise? Ela está sendo usada para esconder outras coisas que estão acontecendo, entende? Eu acho que a mídia dá muita visão para a crise para abafar outras coisas que estão acontecendo”, ressalta Luma Camila.
O vídeo “Crise financeira – O que pensam a juventude brasileira e as trabalhadoras domésticas da América Latina?” pode ser acessado no canal do UNIFEM Brasil e Cone Sul no YouTube.

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

RETRATOS DO PAÍS - Casa, comida e mulher no comando

Sáb, 10 de Outubro de 2009 09:34
Estudo do IBGE revela que cresceu a proporção de referências femininas nos lares brasileiros. Em 10 anos, o índice saiu de 25,9% para 34,9%. A má notícia é que elas também estão mais sozinhas

Mirella D’Elia- Correio Braziliense

Arquivo Pessoal

Rita, com o neto Sérgio, sustenta dois filhos, ajuda um terceiro e ainda toma conta da avó: “Tenho que contribuir”

“Sinto que sou uma guerreira.” É sem falsa modéstia que a assistente social Rita Leite, de 50 anos, descreve o duro que deu a vida toda para criar os três filhos e sustentar a casa. Há quase três anos, a piauiense deixa Teresina todas as segundas-feiras para dirigir uma fundação em Brasília. Enfrenta um voo de 1h50 para voltar para casa nas noites de quinta e ficar com a família. A filha de 13 anos e o filho de 25, que apenas estudam, dependem totalmente da mãe. Rita também ajuda com as despesas do terceiro filho, de 28 anos, casado, pai do pequeno Sérgio. “Tenho que contribuir.” Ela ainda cuida da avó de 94 anos. Todos os gastos com o salário de cerca de R$ 7 mil.

A rotina sempre foi árdua, mas até que hoje está melhor. O primeiro marido nunca cooperou. “Ele não assumia nada.” Para Rita, o casamento naufragou por ela não ter tido filhos naturais — os três são adotados. Separada, enfrentou o preconceito e continuou sustentando toda essa gente sozinha durante oito anos. Casada de novo, diz que, finalmente, arrumou alguém compreensivo. “Agora, tenho com quem dividir.” O atual marido foi o primeiro namorado dela, há 30 anos.

Josefa Joselma de Souza não teve a mesma sorte. Separada do marido, a paraibana de 38 anos continua se virando sozinha mesmo para sustentar a mãe, o irmão e dois sobrinhos. Começou a fazer faxina há 16 anos, após a separação. Mas em João Pessoa (PB) já trabalhava na roça. “Sempre dei duro”, conta. Jô, como é conhecida, demora uma hora para chegar ao trabalho. Ganha R$ 500 e mora em uma favela na periferia. “Pago água, luz, telefone, faço as compras. Tenho que pagar tudo”, diz. E se o dinheiro não chegar até o fim do mês? “A gente dá um jeito”, responde.

Rita e Jô são exemplos de uma realidade que vem se tornando cada vez mais comum no país. Em uma década, cresceu de forma significativa a proporção de mulheres à frente das famílias brasileiras. É o que revela a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o estudo, saltou de 25,9%, em 1998, para 34,9%, em 2008, o percentual de mulheres que são chefes de família.

Um dado chamou a atenção dos analistas do IBGE: passou de 2,4% para 9,1% o percentual de mulheres que continuam sendo consideradas a pessoa de referência na casa — mesmo com a presença de um homem. “Está aumentando o número de domicílios em que a mulher é sozinha, sem cônjuge, e é declarada responsável. Mas também está aumentando o número de mulheres que, mesmo com cônjuge, são citadas como referência”, explica a analista do IBGE Lara Gama, que trabalhou no estudo. O SIS foi feito com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e levou em conta apenas a opinião dos próprios integrantes da família.

Além de mostrar que elas abocanharam mais postos de trabalho nos últimos 10 anos, a pesquisa pode refletir, também, uma mudança cultural. “As pessoas passaram a identificar mais a mulher como a responsável pela casa. Isso pode ser explicado pela maior participação delas no mercado de trabalho e pela diminuição de uma hierarquia antes predominante”, prossegue Lara.

Outro item que surpreendeu os analistas foi o aumento do percentual de mulheres jovens (entre 18 e 24 anos) com filhos, que sustentam suas famílias. De acordo com a pesquisa, passou de 4,8% para 11,8% a fatia de jovens que são consideradas a pessoa de referência em casa. Combinado a fatores como a diminuição das mulheres casadas e com filhos nessa faixa etária (o percentual caiu de 62,1% para 51%) e o maior acesso ao mercado de trabalho, o IBGE chegou a uma constatação: “Houve uma piora da situação das mulheres. Apesar de mais independentes, mais presentes no mercado de trabalho, e de estarem assumindo mais frequentemente a chefia das famílias, elas estão mais sozinhas”, diz a analista.

Além disso, as jovens trabalham muito no Brasil. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) relativos a 2006, a taxa de atividade das mulheres brasileiras entre 15 e 19 anos (42,5%) chega perto da dos Estados Unidos (43,7%) e é mais alta do que a de países como México (24,9%) e Argentina (22,3%).

As pessoas passaram a identificar mais a mulher como a responsável pela casa. Isso pode ser explicado pela maior participação delas no mercado de trabalho”

Lara Gama,analista do IBGE
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Começa nesta 5ª feira o fórum sobre preconceito nas relações de trabalho

Qui, 01 de Outubro de 2009 11:45

Começa nesta quinta-feira (1º), em Brasília (DF), o 1º Fórum sobre Discriminação e Preconceito nas Relações de Trabalho na Administração Pública. A abertura será às 9h, no auditório do subsolo do Ministério do Planejamento, bloco K, Esplanada dos Ministérios. Estarão presentes à cerimônia o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, João Bernardo Bringel, e a secretária-adjunta de Recursos Humanos, Maria do Socorro Mendes.

Eduardo Santarelo, coordenador-geral do Programa Brasil Sem Homofobia, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) participa da cerimônia de abertura e na sexta-feira (2) fala no painel sobre o Programa Brasil Sem Homofobia. Também farão parte da mesa de abertura representante da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, além de outras autoridades.

A secretária do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Alexandra Reschke, terá participação no primeiro painel da manhã - “A Questão de Gênero na Administração Pública” - ao lado da ouvidora da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Ana Paula Gonçalves; e da presidente da CUT-DF, Rejane Pitanga.

O objetivo do evento é sensibilizar gestores públicos sobre a questão do preconceito em relação a negros, mulheres, gays, lésbicas, portadores de necessidades especiais e idosos.

Serão apresentadas experiências sobre o assunto em órgãos federais, além da criação de uma comissão que formulará propostas de combate às práticas de discriminação. A programação do evento pode ser acessada em https://portalsipec.planejamento.gov.br/.

Participarão representantes das secretarias especiais da Presidência da República, dirigentes de órgãos que atuem no combate à discriminação, integrantes das ouvidorias públicas e do servidor, coordenadores de recursos humanos dos ministérios, coordenadores da Secretaria de Recursos Humanos (SRH) e representantes da sociedade civil.

O evento é promovido pela Ouvidoria do Servidor da SRH em parceria com a Ouvidoria-Geral do Sistema Único de Saúde (SUS).


fonte: SEDH
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Negro é discriminado no mercado de trabalho, constatam especialistas

Qui, 01 de Outubro de 2009 14:34

O negro ainda sofre discriminação para ter acesso ao mercado de trabalho. Quando consegue um emprego, na maioria das vezes recebe salário abaixo da média, se comparado com o trabalhador branco, apesar de ter o mesmo nível de escolaridade.

A constatação foi feita durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (1º) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que reuniu representantes de diversas entidades para debater a situação do negro no mercado de trabalho.

Mário Lisboa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reconheceu que o índice de desemprego é maior entre trabalhadores negros. Ele atribuiu esse fator à existência do racismo no Brasil, "que deve ser combatido sob pena de o país continuar sendo o campeão da desigualdade".

Já o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, manifestou otimismo com relação a avanços na luta contra as desigualdades raciais e ascensão das minorias na pirâmide social brasileira. Ele disse que o governo vem formulando políticas públicas para reduzir qualquer tipo de discriminação, "dialogando com todos os segmentos, incluindo os coorporativos, para que se produza a promoção da igualdade racial".

Mesma posição otimista foi manifestada pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Ele destacou a existência de mecanismos para reduzir a discriminação em todo país, a exemplo do PLS 285/06, de sua autoria, que autoriza o Poder Executivo a instituir o programa Cantando as Diferenças, destinado a promover a inclusão social de grupos discriminados.

Autor do requerimento que resultou na realização da audiência pública, Paim, no entanto, reconheceu que a população negra ainda sofre discriminação, principalmente no ingresso, ascensão e remuneração no mercado de trabalho.

Para o senador José Nery (PSOL-PA), a reunião serviu para ampliar a proposta de inclusão social para a população negra brasileira, com destaque para o pleno acesso ao mercado de trabalho.


Evidências

O procurador-geral do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), Otávio Brito Lopes, reconheceu a existência da exclusão do negro no mercado do trabalho. Como exemplo, e tomando por base estudos, informou que o trabalhador negro, comparado com trabalhadores brancos, ocupa cargos intermediários com nível salarial abaixo da média, apesar de possuir a mesma escolaridade.

Otávio Lopes informou que essa realidade ocorre principalmente no setor supermercadista. Ele aproveitou a oportunidade para anunciar que o Ministério Público do Trabalho irá iniciar ações para que a discriminação diminua nesse segmento do mercado de trabalho, a exemplo do que foi feito na área bancária.

Em apoio às afirmações do procurador do Trabalho, Mário Sérgio Fernandes, representante da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) disse que a valorização da diversidade "é importante para as pessoas, para a sociedade e para os negócios". Ele reconheceu, no entanto, que ainda há muito por fazer, uma vez que, conforme informou, apenas 19% do total de funcionários que trabalham nos bancos brasileiros são negros.

Também tomou parte dos debates Alberto Borges de Araújo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele garantiu que a entidade que representa vem realizando ações voltadas para a erradicação de qualquer tipo de discriminação.

Já Frei David Santos, coordenador da Rede Pré-Vestibulares Comunitários e Educação para Afrodescendentes e Carentes (Educafro), defendeu a ampliação do diálogo com entidades coorporativas, como a Febraban e a CNI, com o objetivo de aprofundar as metas de inclusão social.

Cida Bento, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, e Roberto Lopes, da Divisão Sindical da Confederação Nacional do Comércio (CNC), também tomaram parte dos debates.


Cláudio Bernardo / Agência Senado Leer más...