segunda-feira, 31 de maio de 2010

Regimes Jurídicos sobre Trabalho Doméstico Remunerado no Mercosul

Esta pesquisa descreve a legislação vigente em matéria de trabalho doméstico remunerado nos seis Estados membros do MERCOSUL (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e o Uruguai). A partir da análise do regime laboral geral de cada país, abrangendo as condições gerais de trabalho, o regime de previdência social e os mecanismos institucionais de controle e inspeção do trabalho, trata-se o regulamento do trabalho doméstico nos mesmos aspectos. Nos Estados do bloco constata-se a existência de um regulamento discriminatório para as trabalhadoras do setor. Também se analisam os regimes legais aplicáveis às trabalhadoras adolescentes do- mésticas, além do direito comunitário do MERCOSUL em relação ao trabalho doméstico.


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quinta-feira, 29 de abril de 2010

No Senado, mulheres defendem seguridade social 'universal, pública, solidária e redistributiva'

Qua, 28 de Abril de 2010

Durante audiência pública na tarde desta terça-feira (27), representantes de entidades que lutam pelos direitos das mulheres defenderam uma seguridade social "universal, pública, solidária e redistributiva". Elas também apoiaram a equiparação dos direitos das trabalhadoras domésticas aos das outras categorias profissionais. A reunião foi promovida pela Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

As convidadas registraram a comemoração, na terça-feira (27) do Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas, em homenagem à histórica luta pelos direitos dessa categoria. Para celebrar a data, o senador Paulo Paim (PT-RS), convidou os presentes a cantarem os parabéns às mais de 10 milhões de domésticas brasileiras. Mas, apesar da data, as palestrantes lembraram que essas trabalhadoras ainda têm muitos direitos a conquistar.

- As domésticas ainda têm menos direitos trabalhistas se comparadas a outras categorias - disse a representante da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Verônica Maria Ferreira.

Ela também afirmou que grande parte das mulheres ainda estão submetidas "a uma dupla exploração de seu trabalho", tanto dentro de casa quanto no mercado de trabalho. Disse ainda que a sociedade brasileira precisa reconhecer o valor do trabalho doméstico, realizado pelas trabalhadoras domésticas ou pelas donas de casa.

Fator previdenciário
Verônica Ferreira ressaltou que praticamente 50% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil trabalha informalmente, ou seja, sem carteira de trabalho assinada. Desses informais, ressaltou Verônica, 70% são mulheres.

- São as mulheres que ocupam os postos mais precários e com menos direitos trabalhistas e previdenciários - denunciou.

Verônica Ferreira também defendeu o fim do fator previdenciário que, conforme afirmaram ela e Paim, reduz drasticamente o valor das aposentadorias, principalmente das mulheres.

O senador chegou a exemplificar: se uma professora contratada nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se aposentar hoje, perderá metade do valor de seu salário mensal quando sua aposentadoria for calculada levando em conta o fator previdenciário. Esse instituto reduz o valor das aposentadorias, principalmente para quem se aposenta mais jovem, lembrando que as mulheres brasileiras têm o direito constitucional de requerer aposentadoria com idade menor que os homens.

- O fator previdenciário arrebenta o valor das aposentadorias. No caso da mulher é ainda mais perverso - afirmou Paim.

A representante da AMB acrescentou ainda que as mulheres pescadoras e agricultoras são mal atendidas e sofrem discriminações quando procuram agências da Previdência Social. Ela defendeu "acesso universal a creches" como um direito que pode ajudar na superação das dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras brasileiras.
Trabalhadoras domésticas

Representando a Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Regina Maria Semião, exigiu "equiparação de direitos já!" para sua categoria e comemorou o Dia das Trabalhadoras Domésticas como um dia de luta pela reivindicação dos direitos trabalhistas das domésticas, "para que venham logo". Ela disse que essa categoria é das que menos contribui para a Previdência Social, porque grande parte não tem carteira de trabalho assinada. Ela também lamentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha cancelado audiência que teria com trabalhadoras domésticas nesta terça-feira (27).

A representante da Fenatrad cobrou das autoridades uma fiscalização efetiva dos locais de trabalhos das domésticas, pois essas profissionais sofrem frequentemente assédios moral e sexual e violências físicas, emocionais e sexuais, além dos inúmeros acidentes de trabalho.
- Queremos ser contempladas nos nossos direitos, nós trabalhamos demais. Tenho orgulho da minha profissão - disse Regina Semião, que não exerce mais a atividade, mas começou a trabalhar como doméstica aos 8 anos de idade.
Mulheres negras

A coordenadora de Participação e Democracia da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Cleusa Aparecida da Silva, também disse que as domésticas brasileiras têm "muito pouco a comemorar" no seu dia.

- Avançamos pouquíssimo em relação ao trabalho doméstico - afirmou Cleusa da Silva ao defender políticas públicas diferenciadas regionalmente para a categoria.

Ela traçou um panorama histórico do trabalho doméstico no Brasil, desde a época da escravidão, e acrescentou que ainda hoje as mulheres negras e índias "estão na base da pirâmide social". Para ela, o conceito de "dupla jornada de trabalho" pode ser aplicado para as mulheres brancas de classe média, mas para as mulheres negras e índias um conceito mais correto seria o de "múltiplas jornadas".

Cleusa da Silva disse que as trabalhadoras domésticas são uma categoria profissional "de difícil organização", até mesmo pelo caráter solitário do local de trabalho dessas profissionais.
Ela também abordou um grande problema referente à seguridade social que atinge as mulheres brasileiras que não têm acesso aos benefícios da Previdência Social por estarem à margem do sistema: o alto índice de mortalidades materna e neonatal.

- Desse jeito, as Metas do Milênio jamais serão cumpridas. No 4º milênio talvez a gente consiga cumprir essas metas - afirmou Cleusa da Silva, referindo-se às chamadas Metas do Milênio (objetivos a serem alcançados pela Humanidade até 2015 sugeridos pela ONU no ano 2000).
Para ela, esses objetivos podem ficar apenas na história, pois as Metas do Milênio compreendem temas como a promoção da igualdade entre os sexos e da autonomia das mulheres, a redução da mortalidade infantil e a melhoria da saúde materna.
Mulheres camponesas

Já a coordenadora do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Adriana Maria Mezadri, declarou-se contrária à possibilidade de mudança no sistema de contribuição previdenciária dos trabalhadores do campo. Atualmente, ela explicou, essa parcela da população contribui de acordo com a produção comercializada, e setores do governo querem alterar para uma contribuição mensal, o que acaba sendo impraticável devido ao caráter imprevisível da renda dos trabalhadores rurais. Ela reclamou que os profissionais do campo também têm dificuldades de comprovar tempo de trabalho quando vão requerer suas aposentadorias.


Também participaram da audiência pública a representante da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Hildete Pereira de Melo; representantes do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), da Associação de Donas de Casa de Goiás, da Marcha Mundial de Mulheres e da Associação de Donas de Casa da Bahia.
Augusto Castro

Fonte: Agência Senado
Notícia retirada de: Universidade Livre Feminista
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Lançada campanha pela valorização e respeito das trabalhadoras domésticas


Qui, 29 de Abril de 2010
A campanha é composta por três spots de rádio e tem por objetivo reconhecer os direitos dessas trabalhadoras

A valorização e o respeito das trabalhadoras domésticas é o mote principal da nova campanha de rádio lançada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), com apoio das Secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir).
Foram produzidos três spots de rádio com depoimentos da presidente da FENATRAD, de um empregador e de uma trabalhadora doméstica. O seu conteúdo pode ser reproduzido em rádios comerciais, comunitárias, de empresas e de outras instituições. Apesar do reconhecimento oficial como ocupação e dos direitos assegurados em lei, o trabalho doméstico é um trabalho pouco regulamentado e cujas caracteríticas se afastam da noção de trabalho decente: um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e que assegure uma vida digna a trabalhadores, trabalhadoras e suas famílias.
No Brasil, o trabalho doméstico é a ocupação que agrega o maior número de mulheres,segundo os últimos dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, em 2008. A categoria das trabalhadoras domésticas representava 15,8% do total da ocupação feminina, o que correspondia, em termos numéricos, a 6,2 milhões de mulheres. O maior contingente era o das mulheres negras: as domésticas eram 20,1% das mulheres negras ocupadas. Para o conjunto formado por mulheres brancas, amarelas e indígenas, o trabalho doméstico correspondia a cerca de 12,0% do total da sua ocupação.
Apesar de empregar um número significativo de mulheres, o trabalho doméstico no Brasil é caracterizado pela precariedade: em 2008, somente 26,8% do total de trabalhadores/as domésticos/as tinham carteira de trabalho assinada. Entre os 73,2% que não possuíam vínculo formal de trabalho, as trabalhadoras negras correspondiam a 59,2%, e as mulheres não-negras eram 35,6%, os homens não-negros eram 1,8% e os homens negros somavam 3,4%. Entre as mulheres negras que são trabalhadoras domésticas 76,0% não tinham, em 2008, carteira assinada. Esse percentual é de 71,5% entre as mulheres não-negras e de 62,6% e 53,4% para os homens negros e não-negros, respectivamente.
Além de não permitir acesso a diversos direitos trabalhistas assegurados pelo vínculo formal, a inexistência de carteira de trabalho assinada faz com que um enorme contingente de trabalhadoras/es domésticas/es aufira baixíssimos níveis de rendimento – inclusive abaixo do salário mínimo. Entre as/os domésticas/os com carteira assinada o rendimento médio mensal era de R$ 523,50 e entre aqueles/as sem carteira este era de apenas R$ 303,00 – 27,0% abaixo do salário mínimo vigente em setembro de 2008 (R$ 415,00). Entre as trabalhadoras domésticas negras a situação era ainda mais precária: o rendimento médio daquelas que estavam na informalidade era de R$ 280,00 – o equivalente a apenas 67,4% do salário mínimo. O trabalho doméstico é uma ocupação na qual as questões de gênero e raça se entrelaçam e se fortalecem mutuamente. Por ser realizado dentro das casas, o trabalho doméstico é entendido não como uma profissão, mas como um desdobramento das tarefas de cuidado que as mulheres tradicionalmente realizam em seus lares de forma não remunerada. Além disso, é uma ocupação cujas raízes se localizam em formas de servidão que marcaram a história mundial.
Estas noções contribuem para o tratamento desigual e muitas vezes abusivo conferido às trabalhadoras domésticas. Não respondem ao entendimento atual com relação ao papel desempenhado pelo trabalho doméstico no mundo contemporâneo como elemento fundamental para a perpetuação das sociedades e para o funcionamento dos mercados de trabalho em escala mundial. Valorizar o trabalho doméstico, portanto, é contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, com trabalho decente para mulheres e homens.

Acesse aqui os spots.
Fonte: OIT
matéria extraída de: Universidade Livre Feminista
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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Direitos trabalhistas iguais para as mulheres do campo e da cidade

O Fórum Itinerante das Mulheres em Defesa da Seguridade Social (FIPSS) articulado por representantes de movimentos de mulheres trabalhadoras do campo e da cidade do país estarão reunidas em Brasília, entre os dias 27 e 28 de abril de 2010, em uma comitiva política de luta pela equiparação de direitos trabalhistas.

A vinda da comitiva se deve ao Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, celebrado no dia 27 deste mês, e também para divulgação de postais junto às/aos parlamentares, em defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas, que é parte de uma campanha latino-americana impulsionada pela Articulação Feminista Marcosur de apoio à luta por equiparação de direitos. A divulgação da campanha será realizada pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), a Articulação Feminista Marcosur, o CFEMEA e o SOS CORPO.

No dia 27/04, terça-feira, às 14h, as mulheres da comitiva apresentarão propostas em audiências públicas no Senado Federal com o objetivo de visibilizar as desigualdades vividas pelas mulheres no mundo do trabalho, a situação de desproteção social a que estão submetidas e suas propostas para o sistema previdenciário. E no dia 28/04, quarta-feira, à tarde, a audiência acontece com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM).

O FIPSS representado pelos movimentos de mulheres trabalhadoras do campo e da cidade luta pela equiparação de direitos trabalhistas e pela proteção social ao trabalho das mulheres.
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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Oficina Nacional Tripartite sobre Trabalho Doméstico


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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Unas diez domésticas por semana denuncian abuso

El Sindicato Único de Trabajadoras Domésticas denunció unos 40 casos ante la
Justicia por incumplimientos, maltratos y acusaciones falsas. Por semana analiza
alrededor de 10 situaciones irregulares pero la mayoría no llegan a la Justicia. Las
denuncias más frecuentes son por maltratos y acusaciones de robo, y la mayoría
suceden en verano.
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ampliação de direitos dos(as) empregados(as) domésticos(as) é tema de enquete da Agência Senado

Qui, 04 de Fevereiro de 2010 08:56

A Comissão de Assuntos Sociais se prepara para votar projeto de lei (PLS 293/06), de autoria da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, que regulamenta a profissão de empregado doméstico. A proposta, que estende à categoria todos os direitos garantidos aos demais trabalhadores, é o tema da enquete da Agência Senado no mês de fevereiro.

Os leitores são convidados a responder a pergunta: "Você é a favor ou contra a extensão dos direitos previstos na CLT aos trabalhadores domésticos (PLS 293/2006)?"

Entre os direitos que seriam incluídos estão a definição da jornada de trabalho em 44 horas semanais, a garantia de pagamento de horas extras e adicional noturno e de recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O projeto é fruto de sugestão apresentada pela Associação Tangaraense das Empregadas Domésticas, de Tangará da Serra (MT), encampada pela CDH.

Da Redação / Agência Senado Próximo >

Última atualização em Qui, 04 de Fevereiro de 2010 09:17 Leer más...

Crise ampliou desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Dom, 31 de Janeiro de 2010 12:09 Administradora
Bia Barbosa - Carta Maior

Números mostram que as mulheres perderam mais postos de trabalho, num mercado que já era extremamente desigual. Muitas tornaram-se inativas, voltando pra casa. Em atividade no Fórum Social Mundial Temático da Bahia, movimento feminista criticou o apoio de recursos públicos dado a setores da economia onde a maioria dos trabalhadores é de homens, e defendeu mecanismos de proteção ao trabalho das mulheres.

2010 será um ano de luta para as mulheres brasileiras. Assim sempre foi, mas os desafios colocados para os próximos meses para o movimento feminista não são poucos. Dentro de um mês, as celebrações do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, completam 100 anos de história. Para o processo eleitoral, no segundo semestre, a principal tarefa das mulheres é eleger mais mulheres – os espaços de poder ocupados por elas são tão poucos no Brasil que estamos em 162º lugar no ranking das Nações Unidas. Em meio a tudo isso, um desafio ainda mais complexo: combater a já tendente feminização da pobreza num período de crise-econômica. Para discutir este tema, centenas de mulheres se reuniram nesta sexta (29), num dos primeiros debates do Fórum Social Mundial Temático da Bahia, que acontece até o próximo domingo em Salvador.

“Falou-se muito pouco do impacto da crise sobre as mulheres. A questão foi tratada de forma homogênea, como se esta fosse a característica da massa de trabalhadores. Mas sabemos que os vínculos das mulheres são mais frágeis, que elas são inseridas de forma mais precária no mercado de trabalho, e por isso sofrem mais com a crise”, afirma Luana Pinheiro, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República.

Os números confirmam a desigualdade. Um estudo da SPM, realizado em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), no âmbito do Observatório do Brasil de Igualdade de Gênero, mostrou que enquanto os homens perderam 1,7% das ocupações, as mulheres perderam 3%. Na indústria, a queda de postos ocupados pelas mulheres foi de 8,38%. Os números do desemprego masculino são maiores, mas em função de outro fenômeno provocado pela crise: as mulheres se retiraram do mercado de trabalho e voltaram para casa – passando a inativas, não figurando mais nas estatísticas daqueles que buscam emprego.

“Já no mercado formal, os homens perderam 580 mil postos e as mulheres, 5 mil. Mas por trás disso está a substituição de um trabalho mais caro por um mais barato. No período da crise, os salários de admissão das mulheres foram sempre menores do que os dos homens. Ou seja, houve um movimento de precarização também”, explica Luana.

Quando olha-se para o recorte racial, o impacto da crise das mulheres negras foi ainda maior. Tudo isso num mercado de trabalho historicamente desigual. Mesmo tendo em média 9,2 anos de escolarização – enquanto os homens têm 8,2 anos –, as mulheres recebem em média 71% do salário masculino. Desde 1998, tem crescido a presença feminina no mercado, mas nos setores mais precarizados, onde o rendimento é menor, e informais. A maior categoria do país, por exemplo, é a das trabalhadoras domésticas – mais de 8 milhões de profissionais, das quais 97% negras –, sendo que apenas 20% têm emprego formal. Segundo pesquisa do IBGE de 2003, as negras e pardas recebiam salários 51% menores do que o rendimento médio das mulheres brancas. Ou seja, há uma dimensão racial em jogo que também aprofunda a desigualdade no mercado de trabalho.

“E, no contexto da crise, os setores que mais receberam incentivos para superá-la foram aqueles onde a presença masculina é mais forte, como o industrial. Mesmo nestes, as mulheres foram as primeiras a serem colocadas pra fora do mercado formal”, aponta Rosane Silva, Secretária Nacional de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Ou seja, nosso trabalho ainda é visto como algo auxiliar, complementar, mesmo que mais de 30% das famílias sejam chefiadas por mulheres”, critica.

Em defesa do emprego das mulheres
Por isso, no bojo da superação da crise, outra luta coloca-se para as feministas, também para este ano de 2010: garantir a ratificação pelo Brasil da Convenção 156 da OIT, que garante a igualdade de oportunidades e de tratamento para os trabalhadores dos dois sexos, incluindo as responsabilidades familiares. Segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgada em março de 2009, a taxa de desemprego das mulheres que não possuem filhos é de 13,1%, menos do que as que possuem – 15,6%. O Brasil é o único país do Conesul que ainda não ratificou a convenção, que tramita neste momento no Congresso Nacional. “Precisamos tomar medidas expressivas para proteger o trabalho da mulher. E isso é algo que precisa ser gritado nas ruas e legislado no Congresso Nacional”, defende a deputada federal Alice Portugal (PCdoB/BA).

“Esta injusta divisão sexual do trabalho é um dos principais pilares que sustenta o patriarcado. Em média, a mulher trabalha 16 horas por dia. A maior parte é não remunerada, a outra, sub-remunerada. A expressão da dupla jornada de trabalho, já banalizada, não leva a nada. Enquanto o patriarcado existir, seguiremos costurando e remendando as conseqüências desse regime, que perdura, se adéqua e persiste, submetendo as mulheres ao domínio masculino”, acrescenta Terezinha Gonçalves, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Mulheres, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O fim do patriarcado é a luta histórica das feministas. Uma luta para que o lugar da mulher na história do desenvolvimento do país seja reconhecido, como cobrou Deise Benedito, da Fala Preta! “Sabemos o espaço que não nos foi reservado no desenvolvimento do Brasil. E é preciso afirmar que as africanas contribuíram sim para o crescimento deste país, como escravas, reprodutoras, empregadas, costureiras, passadeira, vendedoras de acarajé, que com trabalhado conseguiram o direito de sobreviverem com dignidade”, conta.

Uma luta para que o lugar da mulher no futuro do desenvolvimento do país seja valorizado, como cobrou Luizlinda Valois, a primeira juíza negra do Brasil, 7ª do estado da Bahia, e que não consegue acender à desembargadora, vítima do preconceito de gênero e de raça. E uma luta que seguirá sendo travada neste ano que se inicia, e em muitos próximos. Leer más...